terça-feira, 1 de novembro de 2016

Alvorada


Odeio a alvorada

em descidas bruscas

quando oiço no longínquo amanhecer

o cantar dos pássaros,

regressa o silêncio,

ergue-se a morte do esconderijo da montanha

sem que tu percebas o significado de envelhecer…

odeio a alvorada

no meu pulso transversal

escrito no quadriculado papel da ausência,

e da loucura do teu olhar

que também odeio

aparecem as imagens prateadas do sono…

odeio a alvorada

em descidas bruscas

no alpendre tua solidão,

a seara arde,

a centeio aconchega-se no teu colo

como uma criança perdida,

desorientada

e triste,

odeio,

odeio a alvorada

que traveste o teu sorriso de grinalda

quando lá fora chove torrencialmente,

a as lágrimas são pedacinhos de sombra

galgando o areal,

odeio a alvorada

em descidas bruscas

quando oiço no longínquo amanhecer

a pobreza de viver,

e não sentindo…

sentir o sofrer.

 

 

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 1 de Novembro de 2016

sábado, 29 de outubro de 2016

Sentindo o décimo sexto livro da paixão e da morte


A locomotiva da paixão

entre curvas e montanhas agrestes

há um apito na minha mão

um som esquisito e confuso

nas despenteadas tuas ventes

o fuso

sangrento do destino

quando galga o muro em xisto

o meu querido menino…

desisto

assisto…

impávido ao descer da madrugada

existo

pensando ser este o meu desatino

nas vozes á desgarrada

sem tino

o meu corpo ensanguentado

nas planícies do amor solidificado

meu olhar desapontado

do casebre abandonado.

 

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 29 de Outubro de 2016

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Aqui…


Aqui me deito

sobre o teu peito caiado

pela solidão das náuseas doentes,

aqui me vejo inventado

nas mandibulas das espadas inocentes,

saltitando no sorriso sem jeito…

que as marés transportam entre dentes…

aqui me deito

aqui me vejo,

voando sobre a cidade proibida,

e só.

 

 

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 27 de Outubro de 2016