sábado, 4 de julho de 2015

A janela

Não consigo abrir esta sangrenta janela,
A luz morre nos teus braços,
Será este o meu último olhar?
Será esta a minha última janela?
Não consigo olhar-te,
Não sou capaz de adormecer no teu cansaço,
Tenho medo do teu sono,
Tenho medo da noite vestida de morte,
Pareces o mar em sonolência dor,
Sem sorte,
Sem abraço,
Mendigo sem nome,
Mendigo sem vida,
No sofrimento,
Em movimento…
Na viagem sem regresso.

Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 4 de Julho de 2015

terça-feira, 30 de junho de 2015

Caixão da pedreira


Este ruído constante nas minhas veias,

Sinto no peito os socalcos embrulhados pelo xisto do cansado anoitecer,

É escuro, sempre, em mim,

Habito neste cubículo de sombra,

Sem janelas para o mar,

Sem porta para os teus lábios,

Amanhã, não sei se vou ver os barcos da madrugada,

Não sei se amanhã há madrugada,

Não sei se amanhã há barcos,

Vento,

Silêncio para me esconder…

Ou palavras para semear em ti,

Um aquário de paixão termina a viagem,

Não traz bagagem,

Recordações,

Fotografias…

Nada,

Os cigarros misturados na tempestade,

Nunca sei quando são cigarros,

Nunca sei quando é tempestade,

Nada,

Nada quero desta cidade.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 30 de Junho de 2015