sábado, 2 de junho de 2012

homem invisível


sem cigarros
para alimentar os silêncios da minha solidão
sem abraços
livros
ou palavras
sem árvores
ou pedaços de mar
sem nada para recordar

sem cigarros
fico invisível
sentado em duas cadeiras imaginárias
a contar os barcos de papel
que regressam de ontem
e nunca chegarão ao destino de amanhã

sem cigarros
os silêncios da minha solidão
livros
ou palavras
sem árvores
sem nada na minha mão

as sete madrugadas de inferno


Um cubo de vidro
alicerçado às tardes de primavera
do teu cigarro
vem o desejo de adormecer
escrevo dentro de mim
sílabas
vogais
consoantes
trigonometria
geometria
escrevo no fumo do teu cigarro
as sete madrugadas de inferno

um cubo de vidro
nos lençóis do teu corpo
embrulhado em mim
o cigarro das tardes de primavera

o céu
e as estrelas
dormem nos teus olhos minguados
pelas pálpebras de incenso
sílabas
vogais
consoantes
no cemitério da literatura.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

quase sempre eternamente só


deixei de ter tempo
vontade
alimento
deixei de ter os dias ao acordar
e as noites
quase sempre
eternamente
o inferno

ao deitar

deixei
as minhas mãos num calendário de parede
ao deitar
o inferno
alimento
vontade
de partir e deixar o mar
dormir no meu olhar
ao deitar
quase sempre
eternamente