domingo, 15 de setembro de 2024

sebastião

 

sebastião, o grande louco,

filho de um louco,

acreditava,

acreditava que dentro da insónia

habitam todas as estrelas mortas,

 

sebastião não sabia,

porque era louco,

um pouco, às vezes de muito pouco…

sebastião não sabia que as estrelas mortas

são desejos não realizados,

 

sebastião não sabia,

e sofria,

sebastião não sabia,

por exemplo,

que o cume de uma montanha…

em poucos minutos…

transforma-se numa planície,

tanta coisa, tanta coisa que o sebastião não sabia…

 

e não sabia,

porque o sebastião era um pouco,

touco,

pigmeu dançante…

louco de profissão…

e tolo em doutoramento,

 

sebastião era tolo,

de pouca inteligência,

segundo o dicionário “priberam” …

mas o que sebastião não sabia,

coitado do sebastião…

não sabia a raiz quadrada de trinta e seis…

e desconfiava dos números do euromilhões.

 

hoje, não estavas no primeiro silêncio da manhã

hoje, não vi os teus de mar,

tão pouco,

olhei os teus lábios de mel,

porque,

hoje,

não estavas!


 

Faleceu aos 89 anos, Vera Kundera, viúva de Milan Kundera.

Pedacinho de mar

 

Querer que te quero

Nos meus braços

E que a noite se esqueça de nós,

 

Querer que te quero

Afagar o teu cabelo

Enquanto as estrelas nos olham

E os nossos lábios se esqueçam do luar,

 

Querer que te quero

Nos meus braços

Que te quero beijar…

Querer

Que te quero…

Te quero,

 

Meu pedacinho de mar!

Palavras de um corpo

 

O corpo extingue-se nas lágrimas do fogo

O corpo desaparece

E reaparece

Nos braços da madrugada,

O corpo finge

O corpo grita

Às estrelas de um doce olhar,

O corpo move-se

Contorce-se

E abraça-se ao vento

Quando o vento regressar

E novamente partir,

O corpo extingue-se

Dentro do teu corpo sempre que acorda a manhã,

O corpo escreve

Ao meu corpo

As palavras de um outro corpo,

Frágil

Doce

Meigo

Deste corpo que morre

Neste corpo quando se deita…

A triste noite ensonada.

sábado, 14 de setembro de 2024

Poetas que sofrem

 

Há estrelas que se suicidam,

Estrelas que se apagam no céu nocturno do desejo,

Há estrelas que nascem,

Que crescem…

Estrelas que morrem,

 

Há poetas que se matam

E morrem como as estrelas que se suicidam,

Poetas sem pão

E poetas com demasiado pão,

Poetas e estrelas e o silêncio…

E o silêncio da solidão,

 

Poetas que sofrem,

Que sofrem porque há estrelas que se suicidam…

Estrelas com lágrimas

E estrelas que desenham sorrisos,

Sorrisos no rosto dos poetas que se matam.


 

Parabéns à feliz contemplada do nosso passatempo “o visitante 150.000”.

 

Poderá reclamar o seu prémio quando quiser!