sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Canção

 

Meu doce poético

Que em cada noite

Habita o meu pensamento

E enquanto as estrelas nascem

Crescem

E morrem

O teu olhar poisa nos meus lábios,

 

Meu doce poético

Das manhãs tristes e frias

Das manhãs em que as palavras acordam congeladas

Como acordam as árvores…

Como acordam as madrugadas,

 

Meu doce poético

Menina das sílabas em papel

Menina que é paixão

Paixão em pedacinho de mel,

 

Meu doce poético

Que em cada noite

Habita o meu pensamento,

 

Que em cada noite se veste de canção!

 

Leitores, a partir de segunda-feira, dia 16 de Setembro, e por um período de 20 dias, este blogue só fará publicações de madrugada ou à noite.

 

Motivo: vindima.

 

Como estarão os teus olhos de mar, hoje!

Finos cabelos de videira

 

Sabia que eras de xisto

e mesmo assim

não hesitei em amar-te

sabia que o teu corpo era constituído por lâminas e pequenas fatias

e as minhas mãos saboreavam-no quando acordava a noite,

 

Eu, eu sabia, que tu pertencias às pequenas migalhas

que dormem nos socalcos olhando o rio Douro,

e, e mesmo assim,

não hesitei,

não hesitei em amar-te...

 

Não hesitei em permanecer sonâmbulo

caminhando montanha abaixo até cair sobre o sofrimento deleite das gaivotas sem sorriso

não, não hesitei, não tive medo do amor teu, sabendo-te fatiada como cortinados livremente

dentro do vento,

docemente como finos cabelos de videira olhando o final do dia...

 

E mesmo assim, não, não hesitei em amar-te.

Farol

 

Porque te escondes, deste farol de onde se vê o mar

porque te sentas nas manhãs de incerteza

que se afundam, no mar.

Porque te escondes, deste farol sem maré

destes rochedos indefinidos pelo tempo

quando a noite encerra as cancelas do martírio…

 

Porque te escondes dentro deste livro de poemas

à procura das palavras envenenadas pela insónia

e se o vento vier, não te escondas

deste farol desorganizado, faminto das cobras.

 

Porque te escondes, deste farol sem nome

que noite após noite

procuro um nome para ele…

Porque te escondes, deste alpendre

de onde se vê a lua.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

 

Às vezes sinto-me cansado deste gajo que sou eu, não me suporto, e mesmo assim, finjo que sou feliz. Às vezes, pareço, o Pacheco; tirando ele ser bissexual e masturbar-se nas casas de banho dos bares. Em todo o resto,

Pareço,

Ele.

Às vezes, gostava de ser abelha. Às vezes, às vezes queria ser pássaro para voar,

Às vezes queria ser pássaro,

Apenas para

Cantar. E Às vezes

 

Não quero ser nada. Às vezes sou,

Aquilo que nunca devia ter sido, quando fui tudo, mas tudo aquilo que quis ser. Fumei muita merda esquisita, e aí a minha escrita era estranha, e os meus desenhos,

Como hoje,

Estranhos.

 

Às vezes,

Basta um simples olá!

 

Nunca vi o mar tão escuro como hoje, nunca vi a lua tão triste, como a noite passada

Nunca tive um dia

Tão insignificante,

Como hoje.

 

Nunca escrevi tão mal como hoje, nunca desenhei tão pessimamente, com hoje

Nunca o meu corpo foi tão frágil como hoje,

E nunca as minhas lágrimas foram tão finas,

Como hoje.

 

Nunca fumei tantos cigarros como hoje, e

E o mar está tão escuro,

Meu amor.