tinham-me dito que o silêncio é uma flor de sono, que a noite pertence aos poetas e aos teus seios,
que as palavras são estrelas, são
pedaços de insónia
em cada madrugada
tinham-me dito que a rua e a calçada
vão desaguar ao rio
Oh meu amor, como eram lindos os girassóis
da Foz do Arelho,
E as palavras vaiadas,
Que sobejavam das marés de sono,
De São Martinho do Porto.
espera por mim em qualquer sítio
para eu pegar na tua mão
pode ser a tristeza pode
ser mau feitio
de me esconder na solidão
espera por mim e deixa-me
pegar na tua mão
antes de a noite acordar
sem que a noite perceba
que dentro do meu coração
vive o mar
espera por mim na avenida
amanhecer
e dá-me a tua mão
e juntos vamos escrever
juntos vamos escrever o
beijo
juntos vamos fazer uma
canção
ou na areia desenhar o
desejo
educadoras da educação,
revoltem-se.
madrugada adentro, da
janela apenas um pincelar de mar,
sobre a geada colmeia,
quando as flores,
brincam,
na tua mão.
acaricio a tua coxa,
invento palavras, e deixo-as sobre a tua pele macia como o luar.
há estrelas que se vestem
de mendigo adormecer, e no cansaço da solidão,
trazem do oceano,
pirâmides de insónia.
um dia, apaixonei-me por
um hipercubo. verdade. juro.
esse dia mudou a minha
vida, e logo que o vi, nunca mais dormi sossegado.
sonhava com ele.
adormecia, sonhando com ele…
depois, aos poucos,
comecei a esquecer o hipercubo, e hoje,
hoje. nada.
apenas que já estive
apaixonado por um hipercubo. só isso.
Isso.
Bebo dos teus olhos
O silêncio desejar-te
Ó meu amor
Quando te procuro na noite
E na noite
Apenas encontro a tua sombra vestida de insónia.
Bebo dos teus olhos
A alegria do meu beijo
Quando os teus lábios desenham borboletas
Na luz do paraíso.
Bebo dos teus olhos
A cânfora manhã que ainda não acordou
Nas estrelas que já não são árvores
Com estrelas e folhas e amar-te
Bebo dos teus olhos...
O silêncio do teu olhar.
Imagino a tua pele
branquida poisada no meu peito, imagino o teu cabelo baloiçando no vento em
brincadeira nos meus dedos,
Imagino os teus lábios,
doces, escondidos nos meus lábios, em desejo…
Imagino o teu beijo, a
escrever no meu pescoço, amo-te…
E a despedir-se das
minhas mãos.
Imagino a tuas mãos,
pincelando o meu corpo de sombras, esperando o regresso da noite, e da insónia…
Imagino, o teu corpo no
meu corpo…