quarta-feira, 4 de setembro de 2024

tinham-me dito que o silêncio é uma flor de sono, que a noite pertence aos poetas e aos teus seios,

que as palavras são estrelas, são pedaços de insónia

em cada madrugada

tinham-me dito que a rua e a calçada

vão desaguar ao rio

Girassóis

 

Oh meu amor, como eram lindos os girassóis da Foz do Arelho,

E as palavras vaiadas,

Que sobejavam das marés de sono,

De São Martinho do Porto.

espera por mim

espera por mim em qualquer sítio

para eu pegar na tua mão

pode ser a tristeza pode ser mau feitio

de me esconder na solidão

 

espera por mim e deixa-me pegar na tua mão

antes de a noite acordar

sem que a noite perceba que dentro do meu coração

vive o mar

 

espera por mim na avenida amanhecer

e dá-me a tua mão

e juntos vamos escrever

 

juntos vamos escrever o beijo

juntos vamos fazer uma canção

ou na areia desenhar o desejo

terça-feira, 3 de setembro de 2024

 

educadoras da educação,

revoltem-se.

 

madrugada adentro, da janela apenas um pincelar de mar,

sobre a geada colmeia,

quando as flores,

brincam,

na tua mão.

acaricio a tua coxa, invento palavras, e deixo-as sobre a tua pele macia como o luar.

há estrelas que se vestem de mendigo adormecer, e no cansaço da solidão,

trazem do oceano,

pirâmides de insónia.

um dia, apaixonei-me por um hipercubo. verdade. juro.

esse dia mudou a minha vida, e logo que o vi, nunca mais dormi sossegado.

sonhava com ele. adormecia, sonhando com ele…

depois, aos poucos, comecei a esquecer o hipercubo, e hoje,

hoje. nada.

apenas que já estive apaixonado por um hipercubo. só isso.

Isso.

O silêncio do teu olhar

 

Bebo dos teus olhos
O silêncio desejar-te
Ó meu amor
Quando te procuro na noite
E na noite
Apenas encontro a tua sombra vestida de insónia.

Bebo dos teus olhos
A alegria do meu beijo
Quando os teus lábios desenham borboletas
Na luz do paraíso.

Bebo dos teus olhos
A cânfora manhã que ainda não acordou
Nas estrelas que já não são árvores
Com estrelas e folhas e amar-te
Bebo dos teus olhos...
O silêncio do teu olhar.

 

Imagino a tua pele branquida poisada no meu peito, imagino o teu cabelo baloiçando no vento em brincadeira nos meus dedos,

Imagino os teus lábios, doces, escondidos nos meus lábios, em desejo…

Imagino o teu beijo, a escrever no meu pescoço, amo-te…

E a despedir-se das minhas mãos.

 

Imagino a tuas mãos, pincelando o meu corpo de sombras, esperando o regresso da noite, e da insónia…

Imagino, o teu corpo no meu corpo…

 

podia ser noite nos teus olhos,

podia ser dia, na tua boca

na tua mão.

podia.

podia ser primavera no teu cabelo,

podia ser o mar

nos teus silêncios,

podia ser a manhã acordada pelo sol,

podia ser nuvem, lençol.

podia.

ser.

poesia.