domingo, 1 de setembro de 2024

 

Fica, meu amor

Não fujas da minha noite

Não queiras pertencer às sombras dos meus versos

Fica, não te escondas na minha mão

Parecendo uma flor fragilizada e sem pátria e sem pétalas,

 

Fica, meu amor

Não desapareças do meu infinito amar-te

Quando o mar dos teus olhos

São as estrelas da minha partida...

Fica, meu amor, fica na minha noite sofrida.

 

se os nossos corpos se fundem na membrana da escuridão

é porque dentro de nós

existe um oceano em desejo

capaz de atravessar o deserto

depois, regressam os grãos de areia da luz invisível

um pedaço de terra é misturado com os nossos corpos,

as estrelas confundem-se com pequenos uivos

que ao longo da noite

descem a montanha

os pardais

 

os pardais sob um céu de cartão, são muitos e são mais

quando os pardais, ao cair a noite,

sobem às árvores, cruzam os bracinhos e

escondem num pequeno sorriso

nos lábios do luar

 

pela manhã, os pardais, sem uis e sem ais

lavam o rostinho no espelho de um olhar

e acreditam que novamente

ao cair a noite

um pequeno sorriso vais nascer no luar

 

tenho dois pardais

de brincar quando as estrelas estão

na minha janela

e eu sem o saber, esqueço-me

que estes pardais são as trombetas da noite

desejar

 

desejo-te quando acorda a noite, e os teus olhos são estrelas

desejo-te quando a noite é um verso, e nos teus lábios brincam crianças de luz

desejo-te quando a noite é um crisântemo, e nas tuas mãos esconde-se o mar

desejo-te, que não me canso de te desejar

sábado, 31 de agosto de 2024

leituras


 

As horas morrem neste comboio de espuma
Desastre amanhecer das primeiras lágrimas do silêncio
Onde procuro o meu corpo oceano
Aprisionado às sombras neblinas do teu olhar,

A vida é um carrossel de mentiras
Pedacinhos de luz que partem para o infinito
E eu sou apenas uma palavra
Na boca dos pássaros,

O meu relógio é o veneno da madrugada
É o incêndio poema nos olhos do mar
É pedra lapidada
Antes que termine a noite,

E quando a noite me pertence
Eu pareço um triste poema
Nas larvas da areia salgada
Sem saber o teu nome.

Desenho

 

Penso em ti

desenho-te apenas no meu pensamento para que ninguém mais o saiba

és o meu desenho

és o meu luar.

 

És o rio que corre no meu peito

és a montanha, onde se esconde esse rio

és o poema, és a palavra

que dá nome a esse rio.

 

Penso em ti

Desenhando-te e escrevendo-te e pensando-te

acreditando que esse rio seja a manhã

à janela do teu olhar.