Tua
Deslumbrante rio
Do Ujo se vê a tua mão
A brincar com um fio
Quando a lua
É uma canção
Quando a lua é um pavio
Sobre o silêncio azeite
Tua
Deslumbrante rio
Tão branco como o leite
E tão belo como uma árvore em cio
29/01/2024
Tua
Deslumbrante rio
Do Ujo se vê a tua mão
A brincar com um fio
Quando a lua
É uma canção
Quando a lua é um pavio
Sobre o silêncio azeite
Tua
Deslumbrante rio
Tão branco como o leite
E tão belo como uma árvore em cio
29/01/2024
São tão poucas
As alegrias
São tantas as bocas
São tanas as melodias
São tão poucas
As alegrias
São tantas loucas
São tantas as poesias
São tão poucas
As alegrias
São tantas as moucas
Que até provocam alergias
29/01/2024
A manhã que vem
Que daqui a pouco vai
Uma pedra que cai
Na cabeça de alguém.
A manhã que vem
A manhã que se suicidou no amanhecer
É a manhã a quem posso escrever
Porque não tenho mais ninguém.
A manhã que é minha
Quando a manhã parece adormecer
Na vida que não tinha,
Da vida que nunca quis ter.
A manhã de ser
Na manhã de sofrer,
A manhã que vem
Na manhã de perceber
Que a manhã é sempre viver.
29/01/2024
O café estava amargo
O cigarro sabe a estonteante maresia
O carro aos soluços
O meu corpo
Pendurado por uma corda
A minha cabeça
Estoira de silêncio
O mar que tenho nas mãos
Partiu durante a noite…
E estou só
O café estava uma merda
O cigarro sabe a incenso
A noite foi de completa insónia
Estou só
Completamente só
29/01/2024
És a espada que escreve
no meu peito o ciúme
Que se crava como uma
sombra
Que é vento que é lume
E que às vezes não é nada
És a espada, és a
conversa sobre o mar
Que me leva e me volta a
trazer
És a espada do ciúme amar
Que não se cansa de
escrever
És a espada, o alegre silenciar
És a madrugada, livre
quando se veste de flor
És a espada sem luar
És a espada sobre o meu
peito em dor
28/01/2024
Dá-me a tua mão, nunca
esqueças as palavras que te escrevi
Dá-me a tua mão
Até que a lua se despeça
de tudo aquilo que sofri
Até que a lua não seja
mais solidão.
Dá-me a tua mão, e sinto
que a madrugada
Foi ver a nascente do rio
Subiu a montanha, ficou
cansada
E sobre o azeite, o pavio
Que ilumina a casa. Pareço
um pequeno pássaro sem voar
Pareço uma pedra suspensa
nos teus lábios de mel
Ou uma serpente que quer
devorar
A casa. Dá-me a tua mão,
ilumina a sanzala
Dá-me a tua mão e escreve
nesta folha de papel
O segredo desta bala.
28/01/2024