Sou uma casa em ruínas
simplificada que habita na garganta da
avenida
sentindo a solidão das pálpebras
doces que a noite deixa ficar
sou
sem portas
janelas
nem vista para o mar
uma casa cansada,
uma casa triste e velha dançando na
madrugada
sou uma casa em ruínas
abandonada
como todas as palavras que escrevo
desgraçadamente voando sobre as nuvens
cinzentas
sou sem portas varandas
restaurante sem ementa
e tantas
casas como eu
à procura do céu
em zinco as lâminas que o vento semeia
no peito coração das gentes da
aldeia,
sou
uma casa
em ruínas
apenas só
amarga
dançando debaixo das árvores de papel
que as palavras silenciosas
sou
sem portas
janelas
nem vista para o mar
uma casa cansada...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó