A gata que toca piano, uma lágrima de
olhos vendados, em despedida no rosto da noite
uma madrugada, que é apenas uma palavra,
a fome que é a insónia, que é o desejo
da gata que toca piano.
A minha mão que não escreve anda.
A flor que é drogada pela luz da manhã,
o jardim que acredita ser o mar, e o mar
faz-lhe a vontade, e diz-lhe quão lindas
são as suas ondas,
que uma criança apelidou de árvores.
O dia que sofre o frio do pólen que é
lançado à água pelo comandante deste navio, deste minuto de silêncio em honra
da minha voz
os poemas que se suicidam nos teus
olhos.
O piano agradece os aplausos dos
espectadores, a gata, coloca a mão no peito e baixa a cabeça em sinal de agradecimento
se o vento voltar, levará o teu cabelo.
Se o vento voltar
o jardim deixará de ser o mar,
e as suas ondas,
serão as estrelas do teu olhar…
Se o vento voltar, às lágrimas deste
piano.
(11/04/2024
– Francisco)