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Misturavas-te nos gomos de laranja das
noites ensonadas em veneno Primaveril
dos laços de cristal adornavam-te o
fino pescoço de arame invisível
havia sombras em ti
que só a minha boca saboreava
como a acorrentada imagem da madrugada
antes de acordar,
Havia uma língua de prata
na boca teu sargaço que o mar engole
migalhas de mel e rebuçados de
palavras
emergiam da tua leve mão solúvel na
areia deserta da insónia
que os olhos negros procuravam nas
gaivotas do engano,
Dizias-te flor eternamente perdida nas
minhas loucas palavras
e mesmo assim
perdi-te sem perceber que nunca
exististe
e que da chuva quando caías
desfazias-te em narcisos assustados,
Murmuravas nunca mais o meu nome
das minhas cansadas árvores sem
palavras
e nada
nada que o mar não me dissesse
ou avisasse,
Nada parecendo felicidade
das janelas do pequeno abismo
são de ti as argolas dos pequenos
gomos de laranja
que uma árvore me ofereceu
e eu e eu comia-as como se comem as
grandes tardes sem literatura,
Quando uma lareira de vidro
vomita as chamas insensíveis das
paixões de granito
que tu me ofereces invisivelmente
nas noites construídas de solidão
e miudezas no desprezo quando me cruzo
no teu caminho enlatado,
O azedume adormecido do fruto proibido
e como eu precisava de roubar-te um
sorriso
um olhar
uma sombra apenas de ti
sobre as pedras da calçada.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha