Invento esta lareira em desejo
Quando a sombra do teu
cabelo
Dorme na minha mão
Porque lá fora a noite brinca
E a lua poisa nos teus
lábios
Porque esta lareira em
desejo
Traz o beijo desenhado
Pelas nortadas do
silêncio
E este beijo desenhado
É a planície da saudade
É a planície de um
simples abraço
Invento esta lareira
Nas tuas finas mãos
Que ergues para o céu
Enquanto a tarde voa
sobre o mar
E de um barco aprisionado
à triste manhã
Restam apenas as minhas
palavras
Que fui escrevendo no teu
corpo invisível
E nestes pobres livros
que folheio
Recebo o teu olhar de luz
Que habita no teu castelo
E percebo que nos teus
olhos
Crescem as searas de
trigo
Que um dia foram o
esconderijo
De duas crianças
ensonadas
Alijó, 11/11/2022
Francisco Luís Fontinha