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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Lareira em desejo

 Invento esta lareira em desejo

Quando a sombra do teu cabelo

Dorme na minha mão

Porque lá fora a noite brinca

E a lua poisa nos teus lábios

 

Porque esta lareira em desejo

Traz o beijo desenhado

Pelas nortadas do silêncio

E este beijo desenhado

É a planície da saudade

 

É a planície de um simples abraço

Invento esta lareira

Nas tuas finas mãos

Que ergues para o céu

Enquanto a tarde voa sobre o mar

 

E de um barco aprisionado à triste manhã

Restam apenas as minhas palavras

Que fui escrevendo no teu corpo invisível

E nestes pobres livros que folheio

Recebo o teu olhar de luz

 

Que habita no teu castelo

E percebo que nos teus olhos

Crescem as searas de trigo

Que um dia foram o esconderijo

De duas crianças ensonadas

 

 

 

Alijó, 11/11/2022

Francisco Luís Fontinha