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domingo, 18 de dezembro de 2022

O Ano da Morte de Ricardo Reis


Projecção do filme "O Ano da Morte de Ricardo Reis"

27 de Dezembro - 21h30

A DORVIR do PCP e oTeatro de Vila Real, promovem a exibição deste filme em sessão integrada nas comemorações do centenário do nascimento de José Saramago. Haverá lugar a intervenções de João Botelho (realizador) e Frederico Neves (membro da DORVIR)

sábado, 7 de setembro de 2013

Esqueleto de aço com mãos de seda

foto de: Francisco Luís Fontinha

(dedicado ao amigo Zeca Gaspar)


Se sentes a pulsação do sol não digas que estás triste, inventa riscos traçados nas paredes das nuvens envergonhadas, inventa desassossegos nos cansaços das caravelas teus olhos, hoje, encerrados como quatro paredes de uma cela com meia dúzia de grades em papel colorido, inventavas traços nas costas dos morcegos, inventavas sílabas na língua dos socalcos inclinados descendo o Tua... e ao longe, o verdadeiro apito da vida, as tuas mãos que seguravam as escadas em direcção ao Céu, as tuas mãos, iguais às minhas, iguais às de tantos outros camaradas... acreditávamos que era possível vencer a insónia, o cansaço e a fome, como tantos outros, tudo demos, e tufo fizemos, se sentes a pulsação do sol, tu, amigo, não fiques triste pela ausência da luz vestida de marinheiro, não fique triste amigo
(prisões de chocolate com sabor a melancolia)
E no entanto, tu, eu, acreditávamos no sonho, na saudade, na literatura e nos automóveis com nomes esquisitos
Dizias-me... Isto é um Lada... e
E nas árvores com pássaros coloridos por diversos artistas, por diversas mãos, como as de há pouco, pequenas, silenciosas, e meigas, em chocolate, em porcelana, em...
E subíamos e descíamos, ruas e becos e montanhas, e nunca, e nunca
Adormecíamos, e nunca, e nunca
Éramos vencidos pelo cansaço, pela vergonha, ou
Dizias-me... Isto é um Lada... e ao longe, o comboio subindo o Douro, ofegante, na mala do carros a propaganda misturada com inocência, misturada com a saudade, misturada com os sonhos, os mesmos sonhos que ainda hoje, uns mais do que outros, acreditam, acreditamos, e tu? Onde estarás agora, logo, e pela madrugada? Andarás a segurar as escadas sonâmbulas onde eu timidamente, como medo de tombar sobre as pedras íngremes do medo... eu... subia, subia
Não tenhas medo pá, ninguém nos bate!
Claro que não, claro que não, respondia-te sempre com todo o respeito que merecias, mereces... e continuarás a merecer, como continuará suspenso na parede da minha biblioteca o quadro que me ofereceste, autografaste... e quando te encontrar, talvez
(prisões de chocolate com sabor a melancolia)
Se sentes a pulsação do sol não digas que estás triste, inventa riscos traçados nas paredes das nuvens envergonhadas, inventa desassossegos nos cansaços das caravelas teus olhos, hoje, encerrados como quatro paredes de uma cela com meia dúzia de grades em papel colorido, inventavas traços nas costas dos morcegos, inventavas sílabas na língua dos socalcos inclinados descendo o Tua... e ao longe, o verdadeiro apito da vida, as tuas mãos que seguravam as escadas em direcção ao Céu, as tuas mãos, iguais às minhas, iguais às de tantos outros camaradas.. porque a vida é isto, entramos uns dentro dos outros... e depois...
Depois...
Simplesmente... partimos.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 7 de Setembro de 2013

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Francisco Fontinha PCP


O meu blog é muito inteligente, não só me diz o número de visitantes como também a origem das visitas e as palavras-chave e respetivas fontes de trafego.
Um curioso ou curiosa escreveu no Google “Francisco Fontinha PCP” e quanto a isso nada de especial, porque nunca escondi que fui militante do Partido Comunista Português como também nunca escondi outras coisas, mas preocupo-me qual a razão desta busca; para satisfazer curiosidades alheias fica aqui a reprodução do cartaz de candidato à câmara municipal de Alijó pela CDU.
E agora recordo-me da senhora que quando me viu sorriu e disse,
- Conheço-o de algum lado!
Possivelmente de estar pendurado nalgum poste de iluminação ao que lhe respondeu um amigo meu, e a senhora muito admirada Porquê um poste de iluminação?
- Porque ele foi candidato pela CDU e passaste nalgum local onde estava o cartaz dele suspenso num poste de iluminação ou árvore Respondeu-lhe o meu amigo.
E por falar em postes de iluminação e árvores certamente alguns gostariam de me ver pendurado de corda ao pescoço, mas enganem-se, porque por muito miserável que seja a minha vida percebo enquanto visito o meu primo Augusto que existem pessoas a lutar pela vida, e não estamos em tempos de crises existenciais.
Percebo que por ter sido militante do PCP me tem sido difícil encontrar trabalho, porque há pessoas que não entendem que uma coisa nada tem a ver com a outra, percebo que por escrever e desenhar me tem prejudicado na procura de trabalho, porque há pessoas que devem pensar que sou maluquinho ou atrasado mental, e agora percebo o senhor reformado que se queixa da misera reforma e enquanto dorme devaneia aos gritos,
- Estou Teso Estou Teso Estou Teso…
A esposa acorda, poisa-lhe a mão sobre o coiso… e coiso nenhum, o coiso em banhos no Tejo.
A destinta senhora, Marilú, abana a cabeça e indignada diz-lhe,
- Meu querido marido Até a dormir és mentiroso.
E quase a terminar este texto fico sem perceber a curiosidade de alguém escrever no Google “Francisco Fontinha PCP”, mas uma coisa é certa, ando Todos os dias Teso e não minto enquanto durmo.