A luz milimetricamente semeada numa
folha quadriculada, a caneta em desespero
escreve as primeiras flores da madrugada.
O luar se evapora lentamente
como um corpo
dissolvido no ácido da noite.
Um peixe desespera dentro do aquário da
vida,
não respira,
tão pouco pensa,
e mesmo assim,
acredita que um dia poderá voar:
como também eu gostaria de acreditar
e de sonhar,
e de caminhar sobre o lençol silêncio do
mar!
Mas como posso eu acreditar,
se os meus sonhos são fantasias em
papel,
e se a maré é apenas o engano
que me engana ao acordar.
Eras o meu sonho, eras.
Poesia que corria no rio depois das
tempestades,
e sei que apenas não pertenço…
aos teus sonhos. E sei que apenas me
cansei de te sonhar
desejando-te tanto tanto como desejo
voar,
e pergunto à luz milimetricamente
semeada numa folha
quadriculada;
porque me cansei de te sonhar se eu te desejo
tanto sonhar?
E mesmo que os meus sonhos sejam mera
fantasia,
eu te quero sonhar
de noite e de dia.
E sei que esta luz me vai guiar até que
o meu sonhar
não seja mera fantasia, mas sim
te sonhar,
nos teus braços, poisando a cabeça no
silêncio
e procurar os teus lábios e dar-me conta
que não estou a sonhar. E dar-me conta que te estou a amar.
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