quinta-feira, 17 de outubro de 2024

ou um esqueleto embrulhado em cristais poemas

 

acreditava e não percebendo porque os olhos do meu amor

não são estrelas

cores

desenhos entalados nas fendas dos tristes murais de areia...

acreditava que vivias no silêncio

como

provavelmente tu também pensavas acreditar

que sendo eu filho de uma árvore e dos restos finados do capim...

um dia hoje amanhã quem sabe

acreditávamos

voar sobre as tão distantes palavras de nós

proferidas pelas gargantas humilhadas na miudinha chuva de Maio,

 

tão pouco sei se tenho amor

ou um esqueleto embrulhado em cristais poemas

sobre a tempestade dos arames onde suspendo a minha roupa depois de lavada,

 

acreditava,

 

e tão pouco percebo a tua existência

e entendo-a como uma sombra plantada no vento

ou como um barco rabelo semeado nos socalcos do sonho

correndo madrugadas

e inventando dores

cansaços

e... tão pouco sei se és o meu amor

ou se sou eu o amor sem amor,

 

acreditava não acreditar em palavras

parvas

obscenas

inscrições maternas na palma da minha mão

e feliz eu contente

por perceber que ainda tenho mão

e mãe

… quanto às palavras e ao amor... auto-suspendo-me das funções que me foram confiadas.

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