quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Os silêncios envergonhados

 

Deixei de ti os silêncios envergonhados

alicerces maleáveis com cabeça de madeira

deixei em ti o sulco prometido das rosas envelhecidas

cantigas da madrugada

cantigas... palavras húmidas

que o teu corpo absorve

como uma esponja recheada de lâmpadas de halogéneo...

como uma mão emprestada,

 

Cantei de ti

as cantigas profanadas nos jardins da insónia

gostei de ti em ti depois das estrelas sobre a cama nocturna com olhos de luar

entrarem em mim

deixei de ti

os silêncios envergonhados...

deitados os maleáveis sonos programados pelo relógio portátil em paredes ocas de gesso...

e um coração de ti parece romper as cordas que prendem a tenda do circo ao chão de areia,

 

Cansei-me de ti

em ti

por mim

entre colunas de granito e traves velhas de castanho...

cansei-me

das palavras ocas das paredes húmidas

em corações de gesso?

Mentiras de ti quando acordam em mim os silêncios envergonhados...

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