sábado, outubro 19, 2024

o espaço só e vazio

 

imagino as incógnitas que vivem na tua cabeça

tento perceber as equações do teu empobrecido coração

geometricamente

não consigo determinar a posição do teu corpo no espaço tridimensional...

e tudo parece tão simples

normal

imagino a integral dos teus seios pintados de encarnado

e reflectidos no prisma que se esconde na teoria das cores

dos cheiros

e sabores

imagino a equação diferencial das tuas alegres coxas

quando se despedem da tarde as gaivotas triangulares

 

imagino o silêncio vestido de negro

caminhando sobre o arame da solidão

lá em baixo o público enfurecido olha-te como se fosses um cartaz perdido no vento

balançando

dormindo

chorando

e imagino as incógnitas que vivem na tua cabeça

os círculos trigonométricos do teu púbis amargurado

cansado de mim

talvez... apaixonado por mim

talvez

porque tridimensionalmente... não consigo determinar-te no espaço só e vazio

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