as palavras prostitutas
na saliva de quem lê o
poema
sorrisos pintados na
parede de ardósia
do inferno
ao dia acordar
ao dia de partir
o barco de papel
regressa do outro lado da
rua
onde te sentas a contar
as nuvens
e infinitos orgasmos de
silêncio
à porta
o barco de papel
engasgado nos teus seios
(imploram-me que me renda
e desista de viver)
desfazem-se em migalhas
de suor
nas palavras de quem lê o
poema
(e eu não me rendo nem
vou desistir de viver)
a biblioteca encharcada
de gemidos cirílicos
e lágrimas de amêndoa
ao entardecer
pareces cansada
e as palavras prostitutas
nunca se cansam
na boca de quem as lê
(repito que não me rendo
nem desisto de viver)
na saliva de quem lê o
poema
na esquina da saudade
à procura de rios
invisíveis
entre os candeeiros de
prazer
nas paredes cansadas
das tuas mãos
a fotografia do destino
nada a fazer.
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