sexta-feira, outubro 11, 2024

marés nocturnas de um quarto de pensão

 

Não desistas cidade adormecida

em procurar o mar perdido

não desistas dos rios submersos e das esplanadas inventadas

por mulheres embriagadas

homens cansados mergulhados em marés nocturnas de um quarto de pensão

não desistas dos sexos embainhados e prontos à janela

esquecendo que dos pobres candeeiros a petróleo sofrem as mãos do poeta

batendo teclas e acorrentado a um edifício em formato de cadeira de vime,

 

Não desistas beijos aos socalcos rio entranhado nos seios da montanha

ruas desertificadas desertas amontoadas como lixo sobre a areia molhada

não desistas de brincar

e de desenrolar os lençóis em linho pergaminho

mulher da vida invertida

como uma pequena equação sobre a pele polaroid dos teus círculos de prazer...

luzes de esferovite começam das lágrimas sobre a copa das árvores imaginárias

e dos barcos teus lábios eu sinto-te dentro de mim como um vulcão estonteante,

 

E nobre

perdidamente apaixonado pelas pedras veias dos xistos encarnados

entre os dias de solidão

e as nádegas húmidas dos torrões de açúcar sobre a mesa-de-cabeceira

farto-me da tua voz parecendo uma galinha implorando a chegada de um qualquer Sábado

de uma infinita semana

e nobre

teu meu corpo de serpente envenenada...

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