Não desistas cidade
adormecida
em procurar o mar perdido
não desistas dos rios
submersos e das esplanadas inventadas
por mulheres embriagadas
homens cansados
mergulhados em marés nocturnas de um quarto de pensão
não desistas dos sexos
embainhados e prontos à janela
esquecendo que dos pobres
candeeiros a petróleo sofrem as mãos do poeta
batendo teclas e
acorrentado a um edifício em formato de cadeira de vime,
Não desistas beijos aos
socalcos rio entranhado nos seios da montanha
ruas desertificadas
desertas amontoadas como lixo sobre a areia molhada
não desistas de brincar
e de desenrolar os
lençóis em linho pergaminho
mulher da vida invertida
como uma pequena equação
sobre a pele polaroid dos teus círculos de prazer...
luzes de esferovite
começam das lágrimas sobre a copa das árvores imaginárias
e dos barcos teus lábios
eu sinto-te dentro de mim como um vulcão estonteante,
E nobre
perdidamente apaixonado
pelas pedras veias dos xistos encarnados
entre os dias de solidão
e as nádegas húmidas dos
torrões de açúcar sobre a mesa-de-cabeceira
farto-me da tua voz
parecendo uma galinha implorando a chegada de um qualquer Sábado
de uma infinita semana
e nobre
teu meu corpo de serpente
envenenada...
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