Inventavas canções que me
adormeciam
desenhavas sombras sobre
a minha alcofa com pedaços de papel colorido
olhava-os pensando serem
estrelas
ainda hoje confundo-os
com as estrelas do céu
e fico sem saber se elas
são papeis
ou se os papeis são cores
pintadas por ti nas paredes da noite,
Colocavas-me um pequeno
rádio a pilhas
em som quase nulo
e dizes-me agora que
cintilavam os meus olhos
ficava submerso nos
lençóis como um barco de esponja
na banheira de plástico
onde me banhavas...
e dos meus ainda não
dentes coloridos sorrisos vinham,
Regressavas a mim com o
cacimbo em ti
e trazias contigo o
cheiro do capim molhado
húmida a terra
sangravam as rochas as
lágrimas tuas quando eu deambulava sobre os telhados de areia...
depois... adormecias em
pé enrolada no cansaço
e um dia deixaste-me cair
e eu percebi que me amavas...
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