Uma fina lâmina de aço
vive no meu corpo
e voa dentro das minhas
veias até chegar ao coração
até... consegui-lo
transformar em vitrina mecânica numa loja de conveniência
vivo dentro de ti sabendo
que as tuas tristes palavras
aquelas que tu não
prenuncias
como eu me recuso a
escrever quando te sinto presente na escuridão da noite
e oiço uma voz lânguida e
trémula e moribunda...
que a morte traz e semeia
na tua velha mão de centeio,
Uma mulata despede-se de
mim sobre o cais das merendas
e entre poucas palavras
e entre longos beijos
escrevo-lhe nos seios o
poema de ti sobre mim com alguns estilhaços de vidro
que alguém deixou
adormecer sobre as pálpebras do orgasmo eterno auspício do sossego...
e eu permaneço intacto
como os triângulos de tédio no jardim das orquídeas,
Vivo parecendo uma lâmina
com aparências
a uma outra que dentro de
mim escreve poemas no sangue de neblina
quando desce sobre os
pequenos barcos de papel
vivo acreditando que os
meus voos nocturnos sobre os cristais de iodo
servem-te de martírio
consolo nas tardes de domingo
sei
que uma fina lâmina de
aço
mastiga-se na tua boca de
lábios minguados pela paixão do adeus...
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