Trazias-me os solstícios
dentro da boca em lábios de cereja
tão doce e bela
a cereja envenenada pelo
silêncio de ti procurando pedaços de mar
em marés enroladas
livremente no teu pulso acorrentado ao meu indesejado
coração de fina areia em
pálpebras de cristal,
Sei que te transformas em
luz
e te perdes nas imagens
nocturnas das fotografias sem versos
quando te envio versos ao
domicílio
esquecendo-me que vives
em mim
não me pertencendo...
porque voas como os pássaros e és de papel,
Apenas sinto o teu corpo
na distância de um milímetro linear
ao fundo da calçada
o rio
e a destreza das tuas
lâminas faciais com pergaminhos bolor
e uma flor passeia-se na
palma da tua mão,
Beija-me como te imploro
dos desenhos nas paredes invisíveis que dividem
os dias e os beijos
infinitos
à janela de ti as coisas
orgânicas transformadas em húmus beleza
que sobeja da tua pele
derramada canção em pétala madrugada
poisava-te a mão se tu
existisses em mim como eu existo de ti,
Trazias-me os... em
lábios de cereja
sentavas-te no meu colo e
pacientemente
afagava-te o loiro cabelo
em pincéis de veludo
corrigindo rugas
imaginárias da tua inexistente bronzeada caligrafia
sobre o teu seio socalco
em círculos dentro do Tejo teu púbis...
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