terça-feira, 8 de outubro de 2024

Habitar de mim em ti

 

Habitas nos fantasmas candeeiros de porcelana

e não saberás nunca

o nome verdadeiro do ciúme nocturno

habitas e desfazes-te em sorrisos de areia

habitas nos corpos poisados sobre os cais de madeira,

 

Habitas dentro do prazer

como as abelhas mergulham no pólen da madrugada

habitas na saudade

e nas ervas miúdas que brincam nos quintais de papel

à beira-mar,

 

Um livro eterno submerso nas lágrimas do céu da boca

e tu habitas no transformismo das palavras mortas

pelas línguas de prata

como uma pirâmide escondida no deserto

com os braços alicerçados aos lábios do desejo,

 

Habitas no meu corpo

desarrumado

e cansado

habitas nos textos que escrevo

e nos poemas com as palavras prisioneiras na húmida térrea,

 

Habitas fingindo que sonhas no meu peito

corres e corres e corres pelo corredor do silêncio

como se fosses uma criança sem nome

ou uma flor sem cor

ou... uma mulher de sombras que habita nos túneis da solidão...

Sem comentários:

Enviar um comentário