sinto-o correr nos poços
escuros do meu corpo
quando escarpas e ventos
se alicerçam nas minhas tristes mãos de areia
sinto-o como se ele fosse
uma lâmpada de cristal vomitando palavras
tracejados traços no
sorriso de uma abelha
e sinto-o e sinto-a
em mim depois de
adormecer a solidão
sinto-o correr nos poços
escuros... do corpo
e há uma corda invisível
em cada esquina do sofrimento
que as cidades descobrem
depois de acordar a manhã
e as ruas absorvem as
lágrimas tuas
que correm nos poços...
escuros nus dormentes
ausentes das sílabas de prata
vazios como o silêncio
desgovernado
dos teus íngremes cabelos
com sabor a naftalina
e de uma gaveta fechada
uma sombra disfarçada de
imagem
emerge no espelho da dor
estás triste
como se o teu barco
naufragasse no profundo Oceano mar...
e no entanto
sem o perceberes
uma jangada voa nos teus
olhos magoados
como uma gaivota de oiro
envenenada pela insónia de uma velha estória...
e sinto-o e sinto-a,
dentro de mim em gritos de revolta
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