segunda-feira, outubro 07, 2024

corações de inveja

 

inventaste-me e inventaste o amor

descreveste no meu corpo de âncora adormecida

a paixão dos homens

inventaste-me e esculpiste nos meus lábios a dor

e a melancolia e o sofrimento...

e o desejo de ser desejado

pelo desejo inventado

por ti

por ele

pelas sombras que vivem nas cidades

inventaste-me e inventaste o amor

e escreveste que eu era invisível

que eu tinha asas

e pulmões de papel

como os barcos

e as tristes marés

que das tuas mãos

delas

de ti

inventaste-me e inventaste o amor

e os peregrinos teus medos no caixão do cio

de ti delas

deles

coitadas das coxas de água salgada

saltitando entre as pedras em silêncio

e os corações de inveja

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