ao longe
longe muito longe
longínquo
vivem as palavras
“acreditar” e “ter esperança”
ao longe
corro
corro desalmadamente
e não lhes consigo tocar
ao longe
longe na ardósia da
saudade
e deixei de acreditar
e deixo de ter esperança
ao longe muito, muito
longe
longe vivem as palavras
longe dormem as sílabas
de longe longínquo vai o
meu corpo à fornalha da solidão
do dia e da noite
as luzes suicidam-se no
precipício do oceano
ao longe
choro e chora e choro
e mingua e minguo e
mingua a charada da vida
na cidade pobre
da cidade perdida
e deixei de acreditar
e deixo de ter esperança
da solidariedade
(palavra filha da puta)
e deixei de acreditar
e deixo de ter esperança
que um dia
acorde o sol dentro de
mim
que um dia
seja sempre dia
debaixo dos plátanos do
jardim
que um dia que um dia as
estrelas sejam de papel.
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