Tínhamos o mar
e a bancarrota de uma
existência fictícia
tínhamos um barco de
prata
com sais de frutos para a
ressaca
tínhamos uma barraca em
lata
e solstícios com malícia
depois do deitar
e nunca sentíamos a falta
do azar,
Das ruas cintilações dos
xistos com rugas ao amanhecer
tínhamos cama roupa
lavada e sexo na varanda
tínhamos o mar
e as janelas de esquecer
como todas as palavras em
voos de falar
pequeníssimas entre as
vozes de quem manda
e ninguém para nos
separar
como os pássaros no
Inverno à procura do calor e da solidão de viver,
Tínhamos na garganta
uma réstia de esperança
e amor
tínhamos no sótão da
madrugada a pimenta
e os cigarros da
lembrança
em flor
o fumo que alimenta
a insónia tua nossa
janela entre as fotografias que a noite atormenta.
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