quarta-feira, 2 de outubro de 2024

A fogueira do sono

 

Gotinhas de sorrisos suspensos nos teus lábios

dissipam-se de mim as faúlhas das tempestades de insónia

o fogo imerso no teu ventre

ao redor das tuas coxas cansadas nas planícies do amanhecer

 

quero ser uma abelha

e voar como as gaivotas da minha terra

vestir-me de silêncios de mar

quando os barcos entram no teu púbis

e da janela da saudade

as flores do teu jardim

transformadas em luz

corre

 

foge de mim entre as árvores pintadas nos muros da infância

e junto à Maria da Fonte

olha-me

deixa-me um sorriso para eu recordar em noites de desejo

 

dá-me a tua mão

e vamos ver os barcos

e vamos aos Coqueiros

e vamos...

 

foge de mim

e olha-me como se eu fosse uma amoreira

sempre adormecida nas palavras da fogueira do sono

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