Oiço do espelho que me
come
o cansaço das tardes de Primavera
(um velho com um chapéu
de palha
sentado sobre a pedra do
esquecimento)
os melros anunciam-me que
ao longe
um espelho invisível
esperam-me
quatro cadeiras
um velho com um chapéu de
palha
a contar os barcos
mergulhados em sexos murchos
e palavras
palavras com lágrimas
barcos com sexos murchos
nos umbrais da agonia
esqueletos de rissóis
eu
tu
barcos
a Primavera
os melros
a esplanada
quatro cadeiras
três livros
um sumo de laranja
os barcos mergulhados em
sexos murchos
e palavras
ai as palavras
antes de tocarem no dia
morre a cidade
morre o rio
quatro cadeiras
um rio
um velho
o chapéu de palha sentado
na perda do esquecimento
barcos
os barcos
nos sexos murchos da
cidade.
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