quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Os alicerces de prata

 

Construo os alicerces de prata

no centro da noite

escrevo amo-te sobre o ponto negro

da fotografia onde se ouve o mar

e ao longe

o cheiro intenso dos barcos sem amor

 

(e ao longe os uivos dos corações

ancorados ao cais pintado de negro)

 

construo as palavras dos teus lábios

e fingidos orgasmos de luz

entram nas sombras das árvores apaixonadas

o teu belíssimo sorriso

mergulha nas planícies do centeio adormecido

às vagas sem destino

 

(e ao longe os uivos das palavras

que dormem no caderno preto)

 

sábias melódicas flores de prata

terminam a viagem nos teus olhos de noite

e que a morte

e que a morte é simplesmente

um texto de ficção

no caos do amanhecer

 

acorda o desamor

entre as quatro paredes da solidão

 

um poema com deficiência na construção

das rimas insignificantes

antes de terminar o dia

a das árvores do teu peito

o centro da cidade

num ponto negro de luz

à espera das melódicas flores

nos rochedos do desamor.

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