quinta-feira, 26 de setembro de 2024

o eléctrico engasgado sobre o Tejo do engate

 

o arco e a flecha

no meu coração

acorrentado às rochas da morte

ciclicamente

apareces

desapareces

a noite

o dia

o arco e a flecha

num vão de escada

entre corpos mergulhados em sémen

e rosas poema

 

escrevo-te

ciclicamente

as palavras de sofrer

desapareces

apareces dentro do espelho de névoa maculada

escrevo-te

palavras

e rosas poema

 

(O arco e a flecha

no meu coração

acorrentado às rochas da morte)

 

o dia

a noite

em ti todos os desejos

as fotografias

o arco e a flecha

no meu coração

acorrentado às rochas da morte

antes de adormecer

 

o eléctrico engasgado sobre o Tejo do engate

do candeeiro sobejaram rosas poema

e ossos de papel celofane

e antes de me atingires com a flecha envenenada de insónia...

 

corro corro corro

apressadamente à procura dos cacilheiros

tropeço nas acácias pintadas na parede da cozinha

e pela janela

entram as gaivotas do fim de tarde.

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