Não sei o que sou.
Ainda não andava na
escola e já eu inventava personagens que brincavam comigo debaixo da sombra
Das mangueiras.
Nasci em Luanda e
qualquer coisa, muito poderosa, me prende,
Às vezes tenho a sensação
de que se trata de um cheiro
Ou quem sabe,
De uma pessoa.
Lembro-me de uma menina
que brincava comigo, era loirinha,
E nunca mais a vi.
Comecei a escrever desde
muito novo, mas
Como sou muito
Tímido,
Escrevia, não mostrava a
ninguém, e
Escondia.
Hoje tenho três caixas
com mais de 1000 poemas, dactilografados,
E outros
Não,
Que espero muito em breve
Queimar.
Como queimei todos os
desenhos da minha adolescência numa noite de heroína.
Comecei a apaixonar-me
por barcos. O meu pai, todos os domingos, levava-me ao porto de mar e eu,
Delirava; com o tanho e
com o cheiro intenso a nafta. Eu, adorava e tinha apenas 4 ou 5 anos.
Mas mesmo assim,
Sentia a falta, a mesma
que hoje sinto, de qualquer coisa, que talvez nunca venha a saber,
Que coisa é essa.
Talvez um cheiro. Talvez,
uma pessoa.
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