sábado, 28 de setembro de 2024

amanhecer sem mamas de magnólia

 

as pequenas tábuas

sobre os teus olhos de amêndoa

prisão perpétua para o teu olhar

e para os teus lábios

(condeno os lábios da lua

à morte por enforcamento)

coitada da lua

coitada dela sem lábios

 

a morte desajeitada

à procura dos olhos da lua

luar

mar

onde está o mar?

Horizonte sem árvores

amanhecer sem mamas de magnólia

e hoje

 

hoje não amanheceu

 

e hoje ainda noite

sinto o silêncio da iluminação pública

sobre os lençóis da aldeia

 

ouves-me?

O mar

onde está o mar?

 

E hoje

precisamente hoje...

hoje não amanheceu em todas as calçadas

da aldeia

 

e perdi para sempre o mar

para sempre

não eternamente

para sempre as asas do mar

e as mamas de magnólia

nos cortinados da aldeia.

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