Um corpo arde da penumbra
noite de literatura
e da lareira dos livros
vêm as marés com espuma de sémen
que as nuvens de amianto
transportam sobre os cofres nocturnos da insónia
há intensas fogueiras de
incenso sobre o teu ventre adormecido
pelo cansaço vómito do
prazer,
Acordas-te puxando as
encostas montanhas de rochas em intranquilos momentos
e poeirentas mangueiras
de planícies pintadas de amarelo com bolinhas azuis
pensavam que eram o céu
e apenas as vírgulas no
final de um texto escrito por ti
quando ainda conseguias
alimentar as labaredas do amor,
Ardias por dentro
e fingias habitar como
cubos de gelo
num copo de uísque sobre
uma mesa-redonda com pernas de aço
e dizias-te filha eterna
do sono
e ardias nos meus braços
de mogno importado do além...
Um corpo o teu corpo em
mim semeado
ardemos os dois corpos
dentro de um amontoado chiqueiro de cobras com lâmpadas de iodo...
havíamos de descobrir o
medo
havíamos de descobrir o
amor proibido e peneirento
do peneireiro de asas
abertas com destinos infantis e sons de orangotango em cio,
O rio e a cidade dos
corpos que ardem
em ti
de mim sabendo que amanhã
deixarei de ter palavras para escrever
e muitos deles
felizes por saberem que
amanhã... eu e tu... somos cinzas esquecidas na lareira da poesia...
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