sábado, 21 de setembro de 2024

A cidade dos rios

 

Não encontro esses olhos mergulhados em pedacinhos

de som da cidade dos rios

não encontro os cabelos do vento suspenso num livro de poemas

entre mãos e tristezas tardes onde ancora o silêncio provocado

pelos teus beijos de cianeto,

 

Não encontro transeuntes na tua cidade

com mãos para me acenarem

com pernas

se possível

para me pontapearem quando me transformo em canino rafeiro...

 

Não encontro as charruas que escrevem nos montes bravios

sílabas vestidas com água fresca

e enxadas que provocam na solidão

feridas e dor e sonhos em frente às montras de uma livraria

sem saberes que te sentas nas planícies dos cisnes,

 

Não encontro a fogueira dos teus lábios

sobre a lareira da tua boca

fechada

ausentada de mim

como as horas de Sábado depois de partir a noite,

 

Depois

depois de ficares aprisionada a um banco com ripas de madeira

a inventares nos calendários das cidades

nomes de ruas e ruas com edifícios que têm nas pálpebras pequenas migalhas de cimento

como o cianeto dos teus beijos antes de me abraçares...

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