sábado, julho 13, 2024

Quem somos? Porque me tratas dessa forma estranha, sempre com uma pedra na mão, pronta a ser lançada. Quando eu, apenas te amo, na simplicidade do amor.

Leio cada vez mais os teus olhos, o poema dos teus lábios, mas tu, tu sempre indiferente, como se me escrevesses na sombra; quero lá eu saber do teu amor por mim. Tu 

raíz quadrada do desejo, porque desejar-te é uma equação com olhos verdes, e 

sonâmbula madrugada, fina luz de esperma nas mãos de uma gaivota,

sinto-me tão triste com a tua indiferença, que antes quero ler o Helberto do que pensar nisso.

E pensar eu penso, penso muito a todas as noites perdidas, mas depois fico muito triste, porque estou só, muito

só.

Tão só como o Só de António Nobre, livro oferecido por uma antiga namorada. Perdi-a como tudo o que tinha, perdi. Hoje 

sou um homem desiludido com a vida, com as pessoas, com os amigos, que nem um tenho

o fogo na mão da serpente, menina dourada, os sítios mais estranhos do meu corpo 

tenho um pequeno orifício parecido com o pequeno-almoço, que nunca estou nos teus olhos.

Estou só. Muito só.

Um dos poemas de AL Berto começa,

Estou só, muito só 

Não tenho amigos que tenham gatos

sirva- se deste universo pendular,

Com paragem em Santarém e Entroncamento 

Ao fundo 

Santa Apolónia, que Belém vive no meu peito...


Tenho o Tejo na mão, e por engano, puro engano, acabo de comer um cacilheiro 

gosto tanto de ti, meu amor 

que quanto mais só me sinto, mais só te desejo na flor de um beijo.

E tudo porque nasci a um Domingo, sete e trinta da manhã, húmida manhã de cachimbo, quando o cacimbo é uma forma estranha de amar.

Sim. Já sei.

Sou parvo.

Sou tolo.

Sou imbecil e desajeitado 

sei isso tudo.


Quem somos?

Meu amor.


(noite de 12/7/24)

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