Quem somos? Porque me tratas dessa forma estranha, sempre com uma pedra na mão, pronta a ser lançada. Quando eu, apenas te amo, na simplicidade do amor.
Leio cada vez mais os teus olhos, o poema dos teus lábios, mas tu, tu sempre indiferente, como se me escrevesses na sombra; quero lá eu saber do teu amor por mim. Tu
raíz quadrada do desejo, porque desejar-te é uma equação com olhos verdes, e
sonâmbula madrugada, fina luz de esperma nas mãos de uma gaivota,
sinto-me tão triste com a tua indiferença, que antes quero ler o Helberto do que pensar nisso.
E pensar eu penso, penso muito a todas as noites perdidas, mas depois fico muito triste, porque estou só, muito
só.
Tão só como o Só de António Nobre, livro oferecido por uma antiga namorada. Perdi-a como tudo o que tinha, perdi. Hoje
sou um homem desiludido com a vida, com as pessoas, com os amigos, que nem um tenho
o fogo na mão da serpente, menina dourada, os sítios mais estranhos do meu corpo
tenho um pequeno orifício parecido com o pequeno-almoço, que nunca estou nos teus olhos.
Estou só. Muito só.
Um dos poemas de AL Berto começa,
Estou só, muito só
Não tenho amigos que tenham gatos
sirva- se deste universo pendular,
Com paragem em Santarém e Entroncamento
Ao fundo
Santa Apolónia, que Belém vive no meu peito...
Tenho o Tejo na mão, e por engano, puro engano, acabo de comer um cacilheiro
gosto tanto de ti, meu amor
que quanto mais só me sinto, mais só te desejo na flor de um beijo.
E tudo porque nasci a um Domingo, sete e trinta da manhã, húmida manhã de cachimbo, quando o cacimbo é uma forma estranha de amar.
Sim. Já sei.
Sou parvo.
Sou tolo.
Sou imbecil e desajeitado
sei isso tudo.
Quem somos?
Meu amor.
(noite de 12/7/24)
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