sexta-feira, 26 de abril de 2024

o medo

finos silêncios que a noite semeia na terra cremada

um corpo é solicitado pelo diabo, enviamos-lhe os ossos

e ficamos com o poema

 

finos pingos de luz tem a madruga

antes que morra a noite embrulhada numa mortalha

finos silêncios têm as estrelas

depois da tempestade

quando o cabelo se enlaça num sorriso

 

finos pergaminhos, onde me deito e escrevo

banhado por este rio invisível

que apenas a minha mão conhece as suas águas

e os seus lábios

e as suas mãos

 

e os seus olhos.

finos silêncios que a noite absorve do luar

das palavras envenenadas por um louco

ou por uma espada

de luz;

o medo

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