A cidade morre dentro de uma garrafa de água mineral
Sem desculpas
Sem o martírio de viver
De ter que viver
Dentro de uma garrafa de água mineral
Desce a avenida Doutor Sá Carneiro
A cidade quase não sente
O café sobre a mesa
Curto no sorriso
Doce como os lábios
Sobra a mesa
Um livro
Um poema
A cidade já não é o que era
Era luz
Era Primavera
Hoje é a noite
Hoje é o Inverno
Um inferno
A cidade fervilha a cidade apaixonada
por uma livraria
E cresce dolorosamente
Uma ervilha
E cresce uma criança em flor nesta
cidade
Muitas árvores e muitas pétalas
sonolentas como a geada
Muitas mãos em cansaço e muitas estrelas
sem madrugada
Sem nada
Nada
A cidade me mata a cada dia que passa
A cada disparo de uma máquina fotográfica
A cada rio que os meus olhos vêem
E vêem os teus olhos
Naquele rio
A cidade é malvada.
(Francisco – 16/04/2024)
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