terça-feira, 16 de abril de 2024

A cidade

A cidade morre dentro de uma garrafa de água mineral

Sem desculpas

Sem o martírio de viver

De ter que viver

Dentro de uma garrafa de água mineral

Desce a avenida Doutor Sá Carneiro

A cidade quase não sente

O café sobre a mesa

Curto no sorriso

Doce como os lábios

Sobra a mesa

Um livro

Um poema

 

A cidade já não é o que era

Era luz

Era Primavera

Hoje é a noite

Hoje é o Inverno

Um inferno

 

A cidade fervilha a cidade apaixonada por uma livraria

E cresce dolorosamente

Uma ervilha

 

E cresce uma criança em flor nesta cidade

Muitas árvores e muitas pétalas sonolentas como a geada

Muitas mãos em cansaço e muitas estrelas sem madrugada

Sem nada

Nada

 

A cidade me mata a cada dia que passa

A cada disparo de uma máquina fotográfica

A cada rio que os meus olhos vêem

E vêem os teus olhos

Naquele rio

 

A cidade é malvada.

 

(Francisco – 16/04/2024)

Sem comentários:

Enviar um comentário