sábado, 2 de março de 2024

The Sea

 

Querida Cris

dir-te-ei que continuo o mesmo miserável

mas isso

já não é novidade

é destino.

 

Dir-te-ei que tenho preguiça em escrever-te

e às vezes

passam meses

passam dias

talvez sinta vergonha de te escrever

como o Tejo

quando olhava os teus olhos

e via

um cacilheiro agarrado ao meu peito

ter-te-ei

dizer-te

que a vida é um destino.

 

Tantas vezes que tive cacilheiros agarrados ao meu peito

e tão feliz

tão feliz a cidade apedrejando a minha noite

quando eu partia em direcção ao nada

que hoje seria tudo.

 

Querida Cris

dir-te-ei que um destes dias

apareceu uma memória no meu OneDrive

sei que o tenho

só não sabia que a tua fotografia se escondia lá

como tanta coisa que eu não sei…

 

Tantas coisas que desconheço a meu respeito

tanta coisa se esconde no negro do meu dia

e na plenitude da minha noite

e quando não tenho noite

peço emprestado

e vou dormindo.

 

Depois

depois lembrei-me do livro que me ofereceste no CCB

The Sea…

na altura não entendi

porquê o mar…

hoje

ele

é a resposta;

The Sea

ou a despedida!

 

 

Francisco

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