Cansado o rio de mim
sem-fim esta estrada
no final do dia
quando se ergue a tristeza
quando não aparece a alegria
no apeadeiro da poesia
ou nos olhos da palavra.
Cansado este rio
este desejo de ter-te e de não te ter
de te escrever
e de não te escrever
cansado deste luar sobre este rio
cansado de mim
cansado do frio.
Cansado o rio de mim
sem-fim esta estrada
sem fim esta noite
esta madrugada
que nunca mais acaba
que nunca mais acorda
e dá luz ao meu jardim.
(Francisco)
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