terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O mar sabidão

 

Deste mar salgado de algas encaixotadas

Catalogadas pelo homem dos stocks, deste mar sabidão das tardes prometidas por um beijo de oferendas,

Ofereço-te o mar se me deres um beijo sibilado

Que apenas os lábios do vulcão conseguem beijar dessa forma estranha de anoitecer,

Em ti.

 

Deste mar sapateado e viril

Onde peixes de cartão e flores de vidro habitam

E corações de metano ao pequeno-almoço;

Um sopro de juízo num pequeno prato de marmorite,

A lápide do almoço

No almoço menino.

 

Neste mar incendiado pelas estrelas dos teus olhos

Neste mar vadio quando a sombra é uma pequena partícula microscópica

Na penumbra da vaidade,

Este mar jaz incandescente como o teu corpo quando acorda o pôr-do-sol,

Minha terra e meu distante saber,

Quando nada sei,

E apenas recebo as luzes do horizonte veneno.

 

Minha terra desventrada

Humilhada pela noite despedida

Meu mar, este mar de cansaço camuflado pelo destino…

Assim emerge a cânfora manhã dos teus sonhos

Quando o sonho é o teu cabelo perdido numa montanha,

E este destino de ser,

Atormenta-me.

 

Deste mar em pés de barro, barco sideral que vagueia junto ao tejo

Neste mar de magalas e prostitutas em prol da cegueira alheia,

Se estou louco, louco acordarei amanhã,

Isto é, se não morrer durante a noite…

Neste mar ressabiado e inútil que se esconde na minha algibeira de Inverno,

Este mar meu que a terra me traz e me leva quando os automóveis se engasgam na auto-estrada da vida,

Que vivem neste mar,

Que é um barco sem remos e com magnólias ao pescoço…

E como sempre,

A lareira é um infortúnio de ausência,

Quando o mendigo se ajoelha perante a minha estátua.

 

 

 

27/02/2024

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