Primeiro era o fio loiro do teu cabelo
Depois veio o verbo e trouxe com ele a
voz embargada
Depois o fio loiro do teu cabelo e a voz
embargada
Semearam na alvorada
O trigo silêncio do desejo.
Primeiro era um pedacinho de papel
Depois escreveram nesse pedacinho de
papel as lágrimas do luar
Primeiro era o vento
E agora é um cibo de mar
No meu pensamento.
Primeiro acreditar era um verbo
transitivo indirecto
Depois o verbo é amar
Primeiro era a manhã que desenhava nas
vidraças do silêncio
O silêncio das palavras
E hoje é o silêncio das palavras que
esta a chorar.
Primeiro era a tela vestida de negro que
não se cansava de gritar
Depois veio o triângulo azul e começou a
terra a girar
Primeiro era o rio sentido nas mãos de
uma criança
Agora é o frio
Nos lábios do poeta sem esperança.
Primeiro era o fio loiro do teu cabelo
Depois o fio loiro do teu cabelo
escondeu-se no dia
Primeiro era a poesia
Era a derradeira sonolência da noite
Hoje é apenas a voz embargada no fio
loiro do teu cabelo.
28/2/2024
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