Gavetas deste armário que se apelidam de
apartamento
gente apinhada no sexo sem o medo que a
cidade seja incrédula,
que a cidade seja apedrejada por homens
mecânicos robotizados e que vivem debaixo da ponte.
Gente velhaca, que faz birra ao
pequeno-almoço,
gentalha miúda, meninos de madeira sã que
o operário transporta até ao céu,
deus.
Milhões de bocas procuram a tua boca,
gente que trabalha e não tem destino,
gentinha no galinheiro junto à sala de
estar, aquela maldita tela suspensa
como se estivesse sempre a pedir pão;
coitada daquela tela.
Gavetas que o teu cabelo vê quando
acorda o dia,
- tirem daqui este gato; detesto gatos.
28/2/2024
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