quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Cidade

 

Gavetas deste armário que se apelidam de apartamento

gente apinhada no sexo sem o medo que a cidade seja incrédula,

que a cidade seja apedrejada por homens mecânicos robotizados e que vivem debaixo da ponte.

 

Gente velhaca, que faz birra ao pequeno-almoço,

gentalha miúda, meninos de madeira sã que o operário transporta até ao céu,

deus.

 

Milhões de bocas procuram a tua boca, gente que trabalha e não tem destino,

gentinha no galinheiro junto à sala de estar, aquela maldita tela suspensa

 

como se estivesse sempre a pedir pão; coitada daquela tela.

Gavetas que o teu cabelo vê quando acorda o dia,

- tirem daqui este gato; detesto gatos.

 

 

 

28/2/2024

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