sábado, 10 de fevereiro de 2024

Charco

 

(seja o que deus quiser, mas tem de ser)

 

Sapo

Sapato

Avelã

Marreco

Pincelado

Mabeco ensanguentado

 

Chã

Aeroporto internacional

Vi

Ali

Qualquer coisa vã

Coisa triste

Quando mijava de encontro ao silêncio

 

Gemia

Masturbava-se e via no espelho

A sagrada família

Tinham fome

Os três

E não vou votar CDU

E ela sentia

Qualquer coisa estranha na vagina

 

Leva no cu

Ó pastor

Mete na algibeira

As cabras

E as ovelhas

Assobia para o ar

E vai-te embora

Enforca-te na alvorada

 

Sapo

Gato sapato

Cão

Ela gemia

E rezava

Enquanto fodia

Depois sabia

Que mais tarde ou mais cedo

Na janela aparecia

A dita sagrada família

 

Somos tão felizes

Neste charco

Vi

Ali

Qualquer coisa de ti

Qualquer coisa de mim

Com palavras

Sem palavras

Nu

Despido

Estou tão magro

Mãe

Pareço um fio de nylon

 

Amo

Muito

Cansaço do sono

Visto-me de insónia

E sento-me na tua cama

E a tua mão

Não engana

Porque a tua mão

É uma pedra simples

Orvalhada por dentro

E pintada de paixão

Por fora

 

Aqui já não mora

Foi levado por um cigarro

Foi comido por uma gaja

Que era um gajo

Que depois fartou-se de ser gaja

E voltou a ser gajo

E se eu fosse gaja

Fodia a toda a hora

 

O dia.

Depois era o charco

Era o vinho

Era Jesus Cristo

Era o sono

Era o sangue que corre nas tuas veias

Era a heroína dos teus olhos

Este poço de Inverno

Este esperma de inferno

Três dias depois

Morreu junto à lareira.

 

Charco

Sapo

Gato

Cão sapato

Bicicleta eléctrica

Charco

Marreco

Mabeco

Vi

Aqui

Ali

 

Um tio a esconder-se da sobrinha.

 

(o poeta não tem por objectivo ofender seja quem for; estes versos são apenas versos, nada mais do que isso)

 

 

10/02/2024

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