Amo-te
pedra-pomes quando os teus
seios apedrejam a sombra na água ferrugenta de uma mão,
quando o infinito de uma
colher de pau
estatela-se contra os
rochedos
e o amor por ti
aumenta como aumenta a saudade
dentro de uma conduta hermeticamente só.
Sou um homem só.
Só pregado a este
cortinado de sono, só à procura de peixes dentro deste copo de uísque e de peixes
se fazem braços.
Só à tua espera juntando
os cacos de areia que trazia na algibeira,
só,
amo-te
pedra-pomes que uma
betoneira de vidro tritura quando cai a noite na boca de um pássaro,
ele morre,
eu amo-te
e penso-te
e penso-me
e amo-te no confinado
buraco que dá a volta à terra, e que morre quando acorda o dia.
Sonho-te enquanto a noite
arde nesta lareira de desejo, quando sei que os teus olhos também ardem e
incendeiam a noite,
em puro desejo misturado
com cem gramas de mel,
puro e virgem.
Amar-te e desejar-te.
Amo-te
e não me cansava de
falar-te de Joan Miró, André
Breton, René Magritte, Cesariny, Cruzeiro Seixas,
e não me cansava de deitar a cabeça no teu peito e ouvir o mar,
e escrever na areia
amo-te.
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