quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

O Rei da Arte

 

Escura, tão escura a tua voz

Quando se aproxima de mim,

Tão curvilínea a tua voz,

Minha querida,

Como se fosse uma jarra com flores,

Duas mãos entrelaçadas,

Dois lábios envenenados

Na despedida.

 

Escura, meu amor,

Minha querida…

Tão triste é a tua voz,

Tão escura é a tua voz,

Tão de noite e tão de dia,

É a tua voz,

Que vive no meu jardim.

 

Escura, pedacinho de silêncio deste oceano sem nome, deste monstro de mar, que há quem chame de saudade,

Tão triste a tua voz,

Tão escura, a tua voz de amêndoa ou de criança mimada,

Montanha,

Ribeira,

Quando a tua voz se ergue a Deus,

E Deus, indiferente à tua voz,

Escura.

 

Escura, a tua voz,

Silêncio em mim porque acaba de acordar a tarde,

Porque me apelidaram de Francisco,

O Rei do mar

O pedinte da Arte.

 

10/01/2024

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