Escura, tão escura a tua voz
Quando se aproxima de mim,
Tão curvilínea a tua voz,
Minha querida,
Como se fosse uma jarra com flores,
Duas mãos entrelaçadas,
Dois lábios envenenados
Na despedida.
Escura, meu amor,
Minha querida…
Tão triste é a tua voz,
Tão escura é a tua voz,
Tão de noite e tão de dia,
É a tua voz,
Que vive no meu jardim.
Escura, pedacinho de silêncio deste
oceano sem nome, deste monstro de mar, que há quem chame de saudade,
Tão triste a tua voz,
Tão escura, a tua voz de amêndoa ou de
criança mimada,
Montanha,
Ribeira,
Quando a tua voz se ergue a Deus,
E Deus, indiferente à tua voz,
Escura.
Escura, a tua voz,
Silêncio em mim porque acaba de acordar
a tarde,
Porque me apelidaram de Francisco,
O Rei do mar
O pedinte da Arte.
10/01/2024
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