quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Noite

 

Brevemente é noite

O meu corpo fica frio

A minha voz

Fica silenciada

À janela

 

E da minha janela

Nada

Nada tenho para ver

 

Brevemente é noite

Brevemente é sombra

O corpo tomba

Na luz apagada

No chão invisível

 

É quase noite

Em mim

No meu corpo

Nas minhas mãos

Nos meus olhos

 

É quase

Tão quase como o meu jardim morrer de ataque cardíaco

Como das minhas mãos nascer o poema mais parvo

De todos os poemas parvos que escrevi

(todos os meus poemas são parvos)

 

A noite não

A noite não é parva

 

A noite nunca é parva

A noite é uma prostituta

Em busca de dinheiro

Deixando o prazer no cacifo do desejo

 

E eu aqui

Quando brevemente é noite

Quando o meu corpo fica frio

Quando a minha voz fica silenciada

Quando os cigarros me acordam

Quando é brevemente

Noite escura

Noite

 

 

10/01/2024

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