sábado, 16 de dezembro de 2023

Circulo de insónia

 

Invento borboletas, nos teus olhos, invento beijos, nos teus lábios,

Invento o medo, na minha mão

Ou no meu peito,

Invento o sono e a tua noite,

Também invento,

 

Invento dentro deste livro

Palavras que digo

Desenhos que não faço

Luz…

Que não tenho

E preciso de inventar

E preciso de correr…

Para o mar.

 

Invento a manhã sabendo que nunca vou ter a manhã.

Invento as nuvens,

O silêncio,

A triste alvorada…

A feliz madrugada

De estar só,

Apenas só,

Dentro deste circulo de insónia,

Profundamente belo,

Profundamente débil.

 

Invento o espelho onde escondo o meu sorriso.

Invento a sinfonia que adormece ao final da tarde, junto à tua mão,

Que também invento,

E lamento,

Não poisar no meu coração.

 

Invento no meu olhar uma fina lâmina de mar,

Invento no teu olhar…

Um pedacinho de chuva,

Um pedacinho de nada,

Invento em mim, a noite desperdiçada,

Tristonha,

E cansada.

 

Invento neste cubículo a lama da sanzala,

Misera e só,

Só e ela

Que inventa,

Que se perde,

Quando inventa,

Quando bebe

Furiosamente,

Só.

 

 

16/12/2023

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