O fogo, os teus olhos
ardem,
Os teus olhos de mar
ardem na lareira do silêncio, os teus olhos de mar, fogem desta lareira
desassossegada, o fogo, as árvores mergulham na planície dos teus lábios, e morrem
as acácias.
O fogo dos teus olhos, a
canção que oiço quando acorda a manhã, abraço-me e finjo ser um pedacinho de
nada.
O fogo, os teus olhos
ardem, as tuas mãos poisam no meu rosto e sinto o regresso da Primavera, e
sinto o perfume das flores, e sinto a alegria dos pássaros,
Selvagem destino, mísero
poema que escrevo, o fogo
Dos teus olhos quando a
lua brinca sobre o mar, quando a lua se veste de mar, e os teus olhos ardem,
Ardem na simplicidade do
dia.
Dos teus olhos, madrugada
da minha insónia, o fogo dos teus olhos, em fuga, em direcção aos meus olhos,
Que também eles, ardem
juntamente com os teus,
Ardem nesta lareira sem
nome,
Nesta lareira
envergonhada.
21/11/2023
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