terça-feira, 21 de novembro de 2023

Lareira

 

O fogo, os teus olhos ardem,

Os teus olhos de mar ardem na lareira do silêncio, os teus olhos de mar, fogem desta lareira desassossegada, o fogo, as árvores mergulham na planície dos teus lábios, e morrem as acácias.

O fogo dos teus olhos, a canção que oiço quando acorda a manhã, abraço-me e finjo ser um pedacinho de nada.

 

O fogo, os teus olhos ardem, as tuas mãos poisam no meu rosto e sinto o regresso da Primavera, e sinto o perfume das flores, e sinto a alegria dos pássaros,

Selvagem destino, mísero poema que escrevo, o fogo

Dos teus olhos quando a lua brinca sobre o mar, quando a lua se veste de mar, e os teus olhos ardem,

Ardem na simplicidade do dia.

 

Dos teus olhos, madrugada da minha insónia, o fogo dos teus olhos, em fuga, em direcção aos meus olhos,

Que também eles, ardem juntamente com os teus,

Ardem nesta lareira sem nome,

Nesta lareira envergonhada.

 

 

21/11/2023

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