segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Lágrima da manhã

 

Morro de ti.

Morro em ti à náusea da manhã, morro de ti, depois do pequeno-almoço, morro de ti,

Quando o perfume do teu cabelo poisa na minha mão.

 

Morro em ti, manhã envenenada, morro em ti, chama ardente desta lareira desanimada,

E triste, e cansada,

Morro de ti, flor que se despede do seu jardineiro,

De ti eu morro,

Em ti, eu morrerei acreditando nas acácias da minha infância,

Morro em ti, clareira da madrugada, enxada que me persegue, antes de cair a noite, morro em ti e de ti morrerei antes da meia-noite.

 

Morro por ti.

Em ti eu morrerei,

Morrer por ti…

 

Morro por ti.

Morro em ti silêncio do infinito, decima quinta potencia do olhar, entre quatro paredes de mar,

Morro de ti, em ti eu morro e morrerei, acreditando nos sonhos,

Morro de ti, acreditando nas sombras do amanhã.

Morro de ti,

Morro de ti jangada do meu olhar, atormentada maré, morro em ti, rochedo da insónia, deste menino,

Sem fé.

 

Morro de ti, mão canfora da tarde, ribeira entre parêntesis, morro de ti e em ti, de morrer junto ao mar, de pedir uma salva de palmas, um lanche e um cigarro, em ti, quando o sol se torna frio e quando o teu olhar se veste de sol…

Morro de ti, em ti, lágrima da manhã, de ter morrido antes de acordar a lua, depois de partir a insónia, e morrer…

Em ti.

Morro de ti,

Sentir os teus lábios no poema, perceber que cada palavra, é um beijo teu, de mim que morre,

Em ti e de ti,

Partir.

Ficar.

 

 

20/11/2023

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